sábado, 9 de março de 2013

Diaba Magreza, Santa Saúde [ou o Dia Internacional da Mulher nos 298 dias dos "inta"]


Salve, Magreza, mãe da Finura, manequim 36, o docinho? A academia nossa salva! A vós bradamos, as ansiosas filhas da Gula (e do Estresse). A vós suspiramos (mais açúcar!), comendo e sofrendo nesta deliciosa churrascaria [e pizzaria e pastelaria e rotisseria e padaria]. Ide-vos, pois, inquisitora nossa, esses vossos olhos acusadores de nós desviai, já que nos afastar da obesidade mórbida não pode significar deixar-nos anoréxicas. Ó balança, ó cintura, ó colesterol, que o Equilíbrio reine.
Rogai por nós, Santa Saúde, para que sejamos saudáveis e felizes com nossos quilinhos. Amém!

Post Oratio: mulheres, na boa: depois de queimarem o sutiã, virarmos escravas da magreza é o fim da picada!

sábado, 2 de março de 2013

Escrever


Eu quis escrever sobre o primeiro fim de semana do último ano dos “inta”. Eu pensei em escrever sobre o primeiro almoço de família dos 39 anos. Eu quase escrevi sobre o segundo casamento de meu pai, exatamente 40 anos depois do primeiro.
Eu deveria escrever sobre os primeiros dias de aula do 3º. ano, com alunos, que, pela primeira vez, desconheço totalmente, já que não mais sou professora do 1º. ou do 2º. ano. Eu poderia ter escrito sobre uma oficina ministrada por um admirável colega “profepesquisador”, momento raro em que toda a equipe de professores de português pudemos trocar ideias e experiências sobre nossa prática, angústias e futuro.
Eu me imaginei escrevendo sobre a primeira (que seja a última!) botinha de gesso do meu sobrinho e minha crise por não ter conseguido vê-lo, sufocada que estava (estou?) pelo trabalho.
Eu precisava escrever sobre os desrespeitos que sofri, neste plural estranho como foram as situações e talvez mais ainda precisasse escrever sobre como lido com as desculpas (sou boba por aceitá-las?).
Eu desejei escrever sobre o carnaval na montanha e meu banho de cachoeira há muito adiado. Eu ainda quero escrever sobre as amizades novas e antigas, mas que igualmente me pressionam, intimam e ameaçam por não terem, como quereriam, minha companhia.
Vista do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo
Eu ainda posso escrever sobre o dia de hoje, uma pausa – mesmo forçada – na lufa-lufa da rotina do trabalho para, com três companheiras de magistério, revisitar Mário de Andrade em sua Pauliceia muito mais desvairada.
Eu ainda preciso escrever uma linha por dia não destinada apenas a enviar imêis, produzir provas, listar itens que se acumulam sem serem “ticados” ou fazer anotações – muito esparsas – para a dissertação de mestrado.
    Eu ainda vou escrever sobre meu medo de um dia acordar e, não me lembrando mais de nada, não ter quem me leia minhas memórias ou, bicho-papão maior, não ter registro de minhas lembranças.