sexta-feira, 7 de março de 2014

Monstro imaginário

Meu monstro não é sem cabeça, de uma perna só,
carrega um saco, mora no escuro ou parece o Boitatá.
Meu monstro não vem da África, Ásia ou Oceania,
muito menos dos castelos europeus.

Meu monstro não é um boi, nem tem a cara preta,
não pega como a Cuca, não mora embaixo de minha cama.
Meu monstro não me atormenta na lua cheia ou na 
                                [sexta-feira treze,
muito menos me espreita nos bosques hollywoodianos.

Meu monstro não está na rua deserta, na arma do bandido,
no ponto de drogas ou após a faixa amarela do metrô.
Meu monstro não é a infecção, o câncer,
a cegueira ou a amputação.

Meu monstro, calma e solenemente,
sem alarde, embora espere resposta,
apenas diz:
Você não vai conseguir”.

sábado, 1 de março de 2014

Credo, dissertação!

Creio na concentração toda-poderosa, criadora da disciplina para escrever a dissertação; e na inteligência, sua companheira, minha aliada; que pode não ter sido concebida comigo, mas nasceu num cantinho do meu cérebro; estimularam na infância, foi desenvolvida, alimentada e reconhecida; às vezes falhou, quis dormir por três dias, quase subiu no telhado; está à direita do computador, na pilha de livros do mestrado, de onde me chama cada vez que respiro. Creio na compreensão de minha família, em mais uma dose de paciência de meu amor, nos amigos que por ora se sentem abandonados, nos convites que voltarão a ser aceitos, nos feriados (daqui a seis meses!) que enfim poderão ser aproveitados, na minha vida de volta. Amém.