quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Quinze estações

Benditos os que respondem a nosso “bom dia”, por educação ou atenção, mas respondem.
Benditos os que não empurram para entrar ou sair do metrô, independente de “não tem outro jeito”.
Benditos os que, se não cedem o lugar, oferecem-se para segurar nossas bolsas no transporte público, mais benditos ainda os que se levantam para grávidas e idosos (sem precisarmos pedir).
Benditos os que devolvem o troco a mais, fruto do descuido do atendente, tão benditos os que dão troco, mesmo sendo “só 20 centavos”.
Benditos os que não furam fila, não incorpando o “todo mundo faz”.
     Benditos os motoristas que respeitam as leis de trânsito mesmo quando um transgressor idiota ri-lhes do comportamento.
     Benditas as madames que, em sendo madames, tratam com respeito os seus funcionários ou quaisquer outros.
     Benditos os pais que demonstram amor aos filhos não só quando lhes compram o brinquedo desejado, mais benditos os que respeitam os filhos, sendo-lhes não só repreensão, mas ouvido.
     Benditos os não preconceituosos verdadeiros, não os que (porque!!) “até têm um amigo japa-preto-judeu-gay-gordinho-da terrinha”.
     Benditos os que não cometem crimes de qualquer natureza e benditos os criminosos que se regeneram.
     Benditos os que ascendem profissionalmente pelo próprio mérito e não por puxar o tapete dos outros.
     Benditos os que não cedem ao malfadado “jeitinho brasileiro”, ainda que sejam alvos de zombaria.
     Benditos os que são éticos sempre e não apenas quando lhes convêm, ou quando os holofotes estão acesos.
     Benditos os políticos que executam, legislam e julgam honestamente (bendito o dia em que for obrigatória uma vírgula antes desse “que”).
     Benditos os que não desistem da humanidade, mesmo quando ela confunde preço com apreço.