sábado, 3 de março de 2018

Choro vicioso


Para uns, desequilíbrio
Para outros, sensibilidade
Para mim, nada de rótulos
Só preciso dizer que chorei hoje.

Chorei quando a chuva caiu
Chorei junto com a chuva
O porquê não me veio
Ou umedeceu meu crespo

Escorreu

Não pude segurar
Há tempos não entendo.
Ou entendo.
Por isso eu choro?
E chorar é ceder?
É ser fraca?

Engolir o choro queima
Estrangula a alma.

Quando o choro finda,
Me sinto mais forte.

Mentira, fico puta.

Catita, 02-03-2018 (da série “Ciclos”)

Ciclo vicioso



As palavras perturbam na mente, cutucam a língua, querem sair.
Mas as mãos estão ocupadas escrevendo as prioridades da vida prática, enquanto o coração se aperta sem entender o que são prioridades e vida prática.
E o peito sangra, chora por não ter dedos.
E a cervical sente a autocobrança da autopromessa de não mais negligenciar os escrivinhados.
Não consigo engolir nada.
E as palavras perturbam na mente, cutucam a língua, querem sair.

Catita, 24-02-2018, no conflito de seus eus em sis.