Não costumo divulgar minhas preferências
partidárias na política. É apenas um direito meu o de não me manifestar. Isso
não lhe dá o direito de me acusar de alienada, embora você possa julgar que eu
não tenha preferências. Isso é direito seu. Respeito.
Não costumo estampar camisetas dizendo “não votei
em...”, porque se quem ganhou não foi meu candidato ou minha candidata, o que
importa é como agirei a partir de então. Humilhar você ou insistir no “eu te
disse” não é um princípio meu. Eu não preciso aceitar sua opinião. Eu a
respeito.
Não costumo me expressar e dar as costas, porque se
falei, quis audiência; se consegui audiência, fui ouvida. Isso não dá o direito
à plateia de me agredir, embora ela possa sim se expressar a mim. É um direito
dela. Respeito.
Não costumo brigar pela minha candidata ou pelo seu
candidato. É direito meu o de escolher (não) panfletar, (não) segredar ou (não)
silenciar. Também é um direito seu. Isso não nos dá o direito de nos ofender
mutuamente, embora um possa querer tentar convencer o outro a mudar de ideia.
Respeitemo-nos.
Não costumo ofender amigos e familiares no
Facebook, “desfazer amizades”, desativar a página, ordenar que meu oponente não
se manifeste, censurando-o, cerceando-o. Lidar com a diferença é natural para
mim, o que não significa que eu não me sinta atacada, nem que meu silêncio seja
submissão. É antes vigília. E quando acho necessário falar, falo ou agir, ajo. A
minha presença, tal pedra no meio do caminho ou flor no asfalto, sempre foi e é
minha arma contra o que me impingem nos rótulos que me dão: mulher, preta,
pobre, suja, descabelada, ingênua, professora...
Acredito que as opiniões diferentes são
constituintes do sistema democrático. Acredito que o respeito a elas mantém o
diálogo, que em sendo diálogo, é civilizado. Não acredito que gritos reais ou
virtuais sejam argumentos, mas sei que eles machucam. Defendo que discurso de
ódio não é liberdade de expressão.
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