segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Sensível ano novo

     Parodiando o poeta, todo o ano a gente faz tudo sempre igual: agradece as conquistas do ano velho, lamenta as mazelas - ou busca esquecê-las -, faz mil desejos para o ano novo. Não vou fugir à tradição, embora meu pedido seja apenas um: sensibilidade.
     Que sejamos sensíveis conosco primeiramente: o que / como (me) sinto? Percebo minhas dores e alegrias? E o que faço a partir disso? Devo realmente fazer algo a respeito? Se "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", que minha sensibilidade seja a porta de entrada dessa sabedoria.
     Depois, que sejamos sensíveis ao outro para compreender sua dor e queixas, saber ouvi-lo, acolhê-lo, ajudá-lo ou ainda que sejamos sensívies o bastante para saber que não podemos ajudá-lo e que isso não nos pese, que não sintamos culpa pelas escolhas e consequências que são só do outro. Quem sabe minha sensibilidade me indique um outro alguém que, mais capacitado que eu, faça pelo outro o que não posso.
     Não "por fim", mas "também", que sejamos sensíveis ao planeta, de modo que cada um de nós consiga melhorar essa relação tão íntima, mas já tão desgastada, entre o homem e a natureza. Que pensem ser papo de ecochato, clichê ou balela, eu sinto como necessidade.
     Se a tecnologia eliminou (?) barreiras e diluiu (?) fronteiras, que nossa sensibilidade vá além do "curtir", do "compartilhar" e dos "acessos" virtuais: que curtamos o calor de um abraço, que compartilhemos aquele mero cafezinho ou a esperada pizza do fim de semana, que acessemos a sala de estar uns dos outros - ou o jardim, para quem ainda desfruta esta dádiva - e possamos, juntos, dar boas risadas, trocar palavras de apoio, chorar, rir, silenciar.
   

2 comentários:

  1. Concordo em gênero e número igual! Feliz 2013, 2014 e por aí vai! Que seja sempre assim!
    S2

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  2. Boa pedida, Cátia!

    Assim me comovo.
    Viva o ano novo!

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