segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quase conto, quase terror

Ele havia lido no manual que deveria mastigar bem, mais de 50 vezes, as pessoas más. Não poderia sobrar grão, mas pó. Não poderia sobrar creme nem caldo, saliva apenas, que se evaporasse antes de escorrer pela barba.
Porém, o principal era não engolir. Jamais. Isso só com as pessoas boas, que nem mastigadas seriam, já que em contato com o céu da boca derretiam-se e eram dessuavemente (ab)sorvidas.
Um dia, sem pensar nem avisar, ele engoliu uma pessoa má. E, pra seu espanto, foi como comer manga com leite ou tomar banho depois de comer. Como viver com tão macabra descoberta?
Escolheu desviver, regurgitando dia a dia cada uma das pessoas boas e aspirando em cada canto a pessoa má que cuspira.

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