quinta-feira, 30 de março de 2017

Memória

- Você morou em Jaçanã, não é?
- Não. Vila Zilda. É perto.
- Serve. Sabe aquela música daquele cara que fala engraçado?
- Não.
- Ele fala meio enrolado, quase não dá para entender...
- Não.
- Acho que ele mora com a mãe.
- ???
- Vem cá, como você fazia para chegar até lá?
- Ia de ônibus.
- Não, não é ônibus.
- Eu ia de ônibus, já disse!
- É bonde, não é?
- Quê?
- O cara da música. Vai de bonde.
- Não sei do que você está falando. 
- Puxa, cara, queria tanto me lembrar de alguma coisa.
- ...
- Ah, eu sei que ele não pode ficar mais com a namorada.
- E por quê?
- Sei lá. Acho que a mãe dele não deixa.
- Cara, isso parece conversa de doido.
- Tem uma coisa tipo Cinderela, sabe? Aquela coisa de meia-noite vira abóbora?
- Sério, vou nessa.
- Peraí! Lembrei: é de trem...
- Trem das onze?!
- Acho que é isso! Qual o nome do cara?
- Adoniran Barbosa.
- Isso! Cara, salvou a minha vida!
- Falô!
- Ei, tem o celular dele?
- “Não posso ficar, nem mais um minuto com você”...

Nenhum comentário:

Postar um comentário