Hoje é dia de sua partida
Um hoje que é para sempre
Uma dor que não será diminuída com seus afagos, ronrons ou miados
Nem com enrondilhamentos no meu colo
Nem com suas patinhas fedidinhas na minha cara
Ou amassando pãozinho na minha barriga
Guardo aqui dentro 14 anos de ontens
Plenos de saltos espetaculares:
O céu - ou o alto da geladeira - é o limite
De tocaias calculadas ou improvisadas:
Atrás dos vasos, do sofá, embaixo da mesa, não sei se assustando ou
tomando susto
De frustrantes preferências felinas: abandono de todo e qualquer
brinquedo caro por uma mera bolinha de papel chutada pela casa toda
De olhos verdes pairados sobre mim por longo tempo:
O que pensa? Só faltou falar...a minha língua!
De invariáveis escapadas pro elevador sempre que a porta de casa era
aberta:
Eu gosto mesmo é do capacho do vizinho!
De quase-voos impossíveis de serem fotografados:
Pobres pequenos insetos desatentos em território inimigo!
De sutis avisos de hora de parar:
Deitar sobre o teclado do computador, sobre o livro sendo lido, sobre a
prova sendo corrigida.
De tropeços quase desastres por minha visão não felina:
Sempre entre meus pés, a quase todo passo pelos 50m2 de nosso apê.
14 anos de ontens
Milhões de cenas na memória
Bilhões de alegrias no coração
Zilhões de minutos juntos, brincando, dormindo (mais dormindo uma no
calor do outro?!)
Centenas de remédios e visitas da veterinária (gata em pele de ser
humano tranquilizando nossos corações)
Dezenas de desesperos no último ano (quase dois)
Uma incômoda espera
Uma só dor.
Saudade eterna
Experiência incrível
Amor imenso
...
"Quem mandou deixar essa mochila aqui?" |
Post poesis 1: Hoje é 21 de junho, você respira
mal, Jean, se locomove com dificuldade, me olha perdido, mas fica por perto. Eu
te amo, e te digo, suas orelhas confirmam que você me ouve... você comeu, baba
mais que o normal, fica dorme-não-dorme. Eu te amo, e te digo. Choro por
dentro. Me despeço. Eu te amo. E te digo...
Post poesis 2: Hoje é 04 de outubro e, me
conhecendo como mais ninguém, você não iria embora no inverno, sabe que me
entristece essa época. Foi guerreiro, reergueu-se, tal Fênix, como sempre
lembra a tia Lucymara, e nos deu ainda mais alegrias e inspirou ainda mais
cuidados. Escolheu o dia de hoje, por ser primavera, minha estação favorita –
sempre brigávamos com as flores na mesa que você insistia em mexer, “comer”,
derrubar! -, e por ser dia de São Francisco de Assis. Quem mais poderia recebê-lo
tão bem, senhor Jean Pierre? Gratidão eterna por nossa jornada de aventuras,
pelo relacionamento de amor mais longo que tive(mos). Eu te amo. E te digo...
Últimos dias, companheiro de sempre |
No auge, vívido, esperto! |
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